A partir do planejamento do nosso projeto de aprendizagem e das entrevistas realizadas, retomamos as nossas certezas provisórias, as nossas dúvidas temporárias, os objetivos e a problemática inicial que gerou o projeto, a fim de analisá-las, buscando sistematizar o conhecimento construído durante o seu desenvolvimento.
No nosso projeto sobre o que é real na inclusão digital, tínhamos o interesse de saber se a inclusão digital realmente acontece nas escolas, se as salas de informáticas são equipadas de maneira que todos os alunos possam usufruir dessa tecnologia e se os professores estão qualificados para essa aprendizagem, além de verificar o interesse dos alunos. O objetivo era descobrir como é o trabalho de várias escolas nesse processo de conhecimento, por isso realizamos entrevistas com alunos da rede municipal das cidades de São Leopoldo, Bom Princípio, Campo Bom, Sapucaia do Sul e Tupandi.
Assim, quanto as nossas certezas provisórias, podemos dizer que apesar da tecnologia estar inclusa nas escolas a onde foram realizadas as entrevistas, muitos dos professores não estão preparados para ensinar seus alunos utilizando esta tecnologia, tanto no que se refere ao uso dos equipamentos quanto às diversas potencialidades que o uso da informática possibilita na realização de atividades, interação com novos conteúdos, que poderiam ajudar na sistematização de um real aprendizado, levando em conta interesses e curiosidades dos alunos. Constatamos também que nem todos os alunos realmente têm acesso aos computadores, pois por diversas vezes as salas de informática tem mais crianças do que equipamentos.
Quanto as nossas dúvidas temporárias, constatamos que os estudantes têm interesse nessas aulas e que muitos utilizam a internet mais de uma vez por semana em suas casas ou em outros espaços. Através das entrevistas percebemos que para alguns alunos a utilização do laboratório de informática não tem muito sentido, nas falas dos entrevistados observa-se que esses espaços não são bem utilizados, não havendo um planejamento e profissionais capacitados. Tendo como referencial teórico o autora Behrens (2009, p.54) que nos diz:
A produção de conhecimento com autonomia, com criatividade, com criticidade, e espírito investigativo provoca a interpretação do conhecimento e não apenas a sua aceitação. Portanto, na prática pedagógica o professor deve propor um estudo sistemático, uma investigação orientada, para ultrapassar a visão de que o aluno é um objeto e torná-lo sujeito e produtor de seu próprio conhecimento
Para tanto é necessário que o professor dê ao seu aluno, além de autonomia, oportunidades de trabalhar com conteúdos que o aluno se interessa e busca conhecer, nada mais natural nos tempos de hoje que a informática seja um instrumento de pesquisa e um facilitador no processo de aprendizagem. Como diria Freire (1992 p112): quando afirma que “uns ensinam e, ao fazê-lo, aprendem. Outros aprendem e, ao fazê-lo, ensinam.” Assim, se faz necessário que a ação pedagógica dependa tanto do professor quanto do aluno respeitando suas limitações e buscando o conhecer para além do uso da informática somente para acessar salas de bate-papos, MSN, chats, Orkut e sim para uma aprendizagem significativa que ultrapassa fronteiras sem ao menos precisar sair da sala de aula.
Quanto à problemática inicial que deu origem ao nosso projeto entendemos que seja de extrema importância discutir se realmente há inclusão digital no nosso país, já que cada vez mais a informática é necessária tanto na educação, como para se conseguir um emprego. Portanto é de suma importância que os alunos tenham a oportunidade de usufruírem dessa tecnologia e de enriquecer o seu aprendizado.
Durante a construção desse projeto muitas possibilidades de continuidade e novas dúvidas foram surgindo, tais como: os professores devem estar em constante atualização para acompanharem o avanço das tecnologias? Quais conteúdos trabalhar? Os alunos aprendem de forma diferente quando utilizam essa tecnologia? Este projeto nos possibilitou compreender que os alunos atualmente estão sempre em contato com as tecnologias, as quais são importantes ferramentas para o desenvolvimento da aprendizagem e da capacidade de realização de um trabalho voltado para o aluno e suas curiosidades e interesses. Para que isso ocorra é necessário que o professor tenha conhecimento e saiba utilizar adequadamente esses recursos, mas talvez isso não dependa só dos professores, pois deve haver para eles cursos de capacitação, para que assim possam ensinar seus alunos a desenvolver habilidades e construir seu próprio aprendizado, não mais dependendo do professor “dirigir” o que o aluno deve ou não aprender.
Quanto aos estudantes percebemos que há interesse frente a essa tecnologia, mas será que eles realmente aproveitam as oportunidades oferecidas? O aluno faz idéia da variedade de conteúdos que poderia estudar através da internet? Os alunos conhecem sites sobre educação? Nas entrevistas todas as crianças mencionaram ter acesso a essa ferramenta, mas devido às entrevistas terem sido realizadas com um número pequeno de estudantes essa realidade pode ser outra, assim ainda ficam muitas dúvidas em relação à inclusão digital suas potencialidades e limitações. Por este motivo é de fundamental importância que novas pesquisas sejam realizadas para que se tenha uma real dimensão desse fato e assim que se possa buscar esclarecer incertezas e desenvolver métodos que vise cada vez mais se aproximar do aluno e de seu aprendizado, uma educação de qualidade a qual nunca estará pronta havendo a necessidade de uma busca constante por respostas as exigências do momento em que o aluno está inserido.
O nosso processo de aprendizagem a partir do desenvolvimento desse projeto nos possibilitou experimentar várias situações, novos recursos e novas possibilidades quais se evidencia nos relatos a seguir das colegas que participaram deste processo de aprendizagem, conforme relata Patricia ao dizer que: “Durante o processo deste Projeto de Aprendizagem pude adquirir conhecimentos novos e também confirmar minhas certezas. Dentre esses conhecimentos e certezas irei relatar somente as mais significativas.
O professor é um mediador entre o conhecimento e o aluno, sendo assim o educador deve instruir seus educandos na busca pela própria aprendizagem, ou seja, desenvolver a autonomia nos mesmos. O professor para desenvolver bem a autonomia de seus alunos, ele poderá utilizar o recurso tecnológico que é o computador (internet), através deste mecanismo o docente irá trabalhar com diversas ferramentas que são do interesse por grande parte dos alunos. Tendo o interesse dos alunos, estes com certeza irão aguçar a sua autonomia, pois é prazeroso para ele que fará uma atividade pedagógica com todo "gosto". Totalizando assim um trabalho muito melhor no ambiente escolar, bom para alunos principalmente e também para professores, que planejarão suas aulas com mais vontade, por que os estudantes realizarão a proposta oferecida pelos mesmos.
É uma pena! pena mesmo, que isto não acontece na realidade, pois os laboratórios de informática não atendem a demanda de computadores, ou seja, alunos dividem computadores. Que conseqüentemente o trabalho não tem como acontecer como deveria, dificultando muito no andamento do trabalho pedagógico. Claro, tenho ciência que não basta termos um computador para cada criança se não há preparação de docentes. Penso que, o governo deveria oferecer cursos de qualificação de professores para atuarem com as novas tecnologias. Só assim vejo ter um trabalho realmente positivo.”
Claudete relata que: “Quanto ao processo de aprendizagem pesquisei li e adquiri conhecimentos sobre ensinar utilizando a informática e sobre a inclusão digital, que até então me eram desconhecidos, talvez até por uma falta de curiosidade de minha parte.
Quando iniciei o projeto e descobri tantos textos falando sobre isso e além das minhas observações em escolas, me surpreendi, pois percebi que o computador está em muitas instituições de ensino, mas não é bem utilizado na hora de ensinar. Há certa dificuldade dos professores, pois acredito que para muitos, que assim como eu, nasceram numa era analógica, tem muito medo de se entregar ao novo.
O que posso dizer é que esses professores estão perdendo uma grande oportunidade de aprender e conhecer melhor seus alunos, pois estes tem uma habilidade, uma facilidade e também uma curiosidade que muitos de nós educadores acabamos deixando no passado, ou pior ainda, somos da geração que foi proibida de ser curioso. Como diria FREIRE (2007, p 85) “Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino.”
Mas, além disso, sei que falta também aos professores cursos de formação para dar aulas utilizando o computador, e não adianta encher uma escola de computadores, como observei em uma, que não tenham acesso a internet, o que prova que a inclusão digital não é algo concreto em nosso país.
Portanto, o que aprendi é que com cursos de formação e computadores com internet ia ser tão mais prazeroso ensinar, pois assim o professor poderia e deveria estimular a curiosidade dos educandos, incentivá-los a pesquisar, a buscar novos conhecimentos, e essa tecnologia está aí para isso, cheia de ferramentas a serem trabalhadas a favor de uma educação com qualidade.”
Para Liegi falar em inclusão digital é bem mais que salas de informática, esta afirmação fica evidente quando diz: “Não são poucas as vezes que lemos ou ouvimos que determinadas escolas em tal município receberam verbas e que montaram uma sala de informática, mas infelizmente isto não é garantia de ensino, pois infelizmente essas mesmas escolas às vezes vêem esse material se tornar inútil, pois faltam profissionais capacitados, espaços adequados e alunos que compreendam que real aprendizado poderiam ter. É uma pena que tenhamos ainda que discutir sobre assuntos que já deveriam ter sido sanados, mas a nossa realidade nos obriga a ver a inclusão digital não como algo abrangente a todos, pois estamos longe desta conquista.
O que não podemos é diminuir o valor do uso das tecnologias, pude constatar na realização do projeto de aprendizagem e as enormes possibilidades que a internet e suas ferramentas nos proporcionam. Vivencie na “pele” este processo, não posso dizer que foi fácil, talvez a dificuldade encontrada seja como diz a colega Claudete “...medo de se entregar ao novo”, assim por vezes acabamos não nos permitindo buscar novos conhecimentos e acabando por limitar até mesmo nosso aprendizado. Participar da pesquisa com os alunos me ajudou a compreender os usos das tecnologias e suas utilidades, o que me inquietou, pois o que se observa é que precisamos como professores nos preparamos cada vez mais. São inúmeros os recursos que podemos utilizar, mas para que aconteça o professor tem que ser um “aventureiro” que não teme o novo e que principalmente não rotule e limite os seus alunos e sim que os ajude a fazer uso das tecnologias para a sua aprendizagem e não somente como um passa tempo ou um copia e cola como acontece na maioria das vezes nos trabalhos propostos em aula. Talvez assim, em uma oportunidade futura possamos pesquisar quais as conquistas desta educação cibernética, em que contribui para a aprendizagem do aluno e seu desenvolvimento entre outras possibilidades.
Penso não serem poucos os desafios, mas se tivermos clareza das potencialidades oferecidas pela educação digital, se o professor começar a agir como um incentivador da curiosidade do aluno talvez possamos em pouco tempo ter uma enorme conquista que é a aprendizagem do aluno.”
Para Amanda falar em inclusão digital não é tão simples assim, pois precisamos de profissionais adequados, e não só colocar alguém na sala de informática para dizer que tem, pois os alunos hoje em dia já quase nascem sabendo mexer no computador. Depois de olhar os diversos questionários pude perceber o quanto que as crianças tem acesso a internet, e o quanto que é interessante este mundo digital, é só tomar coragem e mexer, pois tem muita coisa interessante neste mundo que podemos usar de varias formas em nosso dia-dia.
Para Mariluza estamos vivendo em uma nova realidade escolar, conforme o que podemos evidenciar em suas considerações quando diz: “Durante o processo percebi que as aprendizagens se dão através da doação recíproca entre professor e aluno com os materiais adequados. No caso das aulas de informática com ênfase na temática do nosso projeto de aprendizagem “O que é real na Inclusão Digital" percebi o grande interesse dos educadores em contribuir com seus alunos a essa nova realidade escolar, mas o que lhes falta é justamente suporte para tal, pois na época de sua formação (na maioria dos casos) não exigia-se esses conhecimentos em sua formação, daí a dificuldade desses profissionais em desenvolver aprendizagens significativas na área da informática. Pois com sua realidade profissional dados aos seus baixos salários desestimula-os a ir por conta própria atrás dessa qualificação que muito lhes enriqueceria seu trabalho docente. O que percebi de 'real na inclusão digital' foi o fato dê os governantes que são os responsáveis pela educação pública não estarem empenhados na qualidade nas aprendizagens dos alunos, não dando suporte para qualificação adequada aos profissionais que já estão no quadro e simplesmente caem de pára-quedas nas salas de informática nas escolas, preocupam-se em equipar as salas pois em muitas escolas as salas de informática já são realidade, o que falta é material humano capaz, servindo de intermediário entre os alunos e as aprendizagens.
Os alunos de hoje nascem prontos a essas tecnologias, em uma nova era onde tudo é virtual, são terrenos férteis para os profissionais 'preparados' lhes dar suporte em busca de novos conhecimentos novas aprendizagens. Isto é O Que é para mim Real na Inclusão Digital.”
A oportunidade que tivemos de cursar esta disciplina nos ajudou a compreender como se dá a educação digital, possivelmente se perguntássemos a todos os colegas sobre esta experiência em cursar uma disciplina a distância muito se obteria, mas o inegável é que mais dia ou menos dia todos de algum jeito ou de outro faremos parte deste mundo digital, independente de gostar ou não, o que não se pode negar é que a informatização faz parte de nosso cotidiano e que precisamos deixar de lado o receio e procurar desvelar este mundo de possibilidades e buscarmos meios pelos quais possamos utilizar em sala de aula e fora dela.
O uso do PBWorks, do Blog do grupo e dos demais recursos digitais utilizados nos permitiu conhecer novas ferramentas para a execução de um projeto, este pode ser um exemplo prático que o conhecimento é algo adquirido e que pode ser aprendido a qualquer momento, não precisamos ser nativos digitais para aproveitar os recursos disponíveis, o que precisamos é começar!
Referências:
BEHRENS, Marilda Aparecida. O Paradigma emergente e a prática pedagógica. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 41. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2010. 148 p
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